
Nomeado nesta quinta (17), Paulo Cesar Montagner diz que implantação das cotas está alinhada ao princípio de diversidade e inclusão. Universidade chegou a publicar nota oficial repudiando “ataques políticos”. A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
Neldo Cantanti / Unicamp
Após a aprovação da implantação de cotas trans, o novo reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Paulo Cesar Montagner, afirmou que tem “ciência da nossa decisão” e que universidade fará “de tudo para que isso possa ser um dia reconhecido como uma boa decisão”. A criação de cotas para pessoas trans, travestis e não-binárias foi aprovada no dia 1º de abril e tem sido alvo de polêmicas.
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A Unicamp chegou a publicar duas notas oficiais repudiando “qualquer forma de intimidação, difamação ou violência contra sua comunidade acadêmica”, no dia 29 de março. Em um dos comunicados, a universidade informa que “foi alvo de ataques políticos que comprometeram a segurança de seus professores, estudantes e funcionários”. Entenda abaixo.
Alvo de ataques
Na primeira nota, a Unicamp repudiava “as tentativas de intimidação, difamação e desrespeito contra sua comunidade acadêmica por ocasião da Virada Transcultural, realizada nas dependências da instituição”. O evento aconteceu entre os dias 24 e 26 de março.
No segundo comunicado, a universidade afirma que o Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) foi alvo de ataques políticos nos dias 24 e 27 de março. Os episódios envolveram a gravação de vídeos, interrupção de aulas e, segundo a universidade, agressão a membros da comunidade acadêmica.
O texto afirma que “os ataques ao IFCH não são um ato isolado e constituem um ataque a toda a Universidade”.
“A Unicamp, reconhecida por sua excelência acadêmica e por seu compromisso com a justiça social, defende a liberdade de pensamento, o respeito às diferenças e o debate plural. Tentativas de intimidação e ataques à sua integridade não serão tolerados, e medidas firmes estão sendo tomadas para garantir a proteção da comunidade universitária e de seus princípios democráticos”, diz o texto do comunicado.
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Para Montagner, a implantação das cotas trans está alinhada ao princípio de diversidade e inclusão da universidade.
“Essa última polêmica, é verdade, ela aconteceu, mas nós temos nas nossas políticas de ações afirmativas um princípio de diversidade e inclusão. Então, equidade, diversidade e inclusão implicam muito em a gente olhar, todos os anos, todos os grupos sociais da Unicamp, do país, e fazer com que eles possam ter acolhimento”, afirma.
O novo reitor relata que a universidade implementa programas “revolucionários” desde o início dos anos 2000, quando passou a oferecer incentivos para alunos de escolas públicas.
“A universidade tem avançado nisso já desde 2002, 2003, com programas, alguns mais tímidos para o tempo atual, mas muito revolucionários, digamos assim, para a época que eles foram desenhados”, diz Montagner.
Ainda segundo Montagner, a decisão pela aprovação ocorreu após estudos e discussões em diferentes etapas.
“Ao fazer isso, a universidade dá um passo que a gente sabe que ela é passível de críticas, mas ao mesmo tempo, junto com mais 11 ou 12 universidades brasileiras, ela dá um passo na direção de fazer com que isso possa, integradamente, se transformar numa mudança social importante”, avalia.
Novo reitor
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), nomeou Paulo Cesar Montagner como novo reitor da Unicamp. A escolha foi publicada no Diário Oficial desta quinta-feira (17), após envio da lista tríplice com três nomes indicados ao cargo para que o chefe do Executivo estadual fizesse a escolha. A posse acontece em 28 de abril, às 16h.
Doutor em Educação Física e professor da Unicamp desde 1999, Montagner ficará à frente de uma das maiores universidades do Brasil no quadriênio de 2025 a 2029 e substitui Antônio José de Almeida Meirelles, conhecido como Tom Zé, que está no cargo desde abril de 2021. Ele será o 14º reitor da Unicamp. A linha sucessória começou com Zeferino Vaz, em 1966.
O atual pró-reitor de Extensão, Esporte e Cultura da instituição, Fernando Coelho, será indicado para a vaga de coordenador geral. Ele também é professor titular do Instituto de Química desde 2010.
Paulo Cesar Montagner, novo reitor da Unicamp
Lúcio Camargo/SEC/Unicamp
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