
Segundo o Ministério da Saúde, controlado pelo grupo terrorista, além de matar pelo menos 400 pessoas, os bombardeios feriram 600. Israel volta a bombardear a Faixa de Gaza
Depois de dois meses de cessar-fogo, Israel retomou ataques em larga escala contra o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.
Era madrugada quando Israel começou a bombardear diferentes cidades do território palestino. As vítimas foram levadas às pressas – até a cavalo. O acidente resume a madrugada caótica na Faixa de Gaza. Segundo o Ministério da Saúde, controlado pelo Hamas, além de matar pelo menos 400 pessoas, entre elas, crianças e mulheres, os bombardeios feriram 600.
As forças israelenses disseram que atacaram alvos terroristas, como depósitos de armas e infraestrutura militar do Hamas, e que mataram pelo menos cinco chefes do grupo terrorista. O ministro da Defesa de Israel disse que, se os reféns não forem libertados logo, “os portões do inferno vão se abrir na Faixa de Gaza”.
Durante dois meses, um cessar-fogo permitiu a volta de milhares de palestinos, as trocas de reféns e prisioneiros e a entrada de ajuda humanitária em Gaza. Uma segunda etapa envolveria a libertação de todos os reféns, a retirada completa das tropas israelenses de Gaza e o fim da guerra. Mas negociações não avançaram. Israel passou a defender um novo plano, apresentado pelos Estados Unidos, que prolonga a troca de reféns por prisioneiros. O grupo terrorista recusou essa proposta.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que o Hamas rejeitou diferentes propostas para estender o cessar-fogo; que por isso Israel retomou o combate “com força total”; que esse é só o começo; e que vai continuar lutando pela libertação dos reféns.
O Hamas afirmou que os ataques expõem os reféns israelenses a um destino incerto. Israel afirma que 59 reféns seguem detidos pelos terroristas na Faixa de Gaza – 24 ainda estariam vivos. Um grupo que representa as famílias dos sequestrados acusa o governo israelense de abrir mão da vida dos reféns ao lançar novos ataques.
“Eu estou aterrorizado, preocupado com meus irmãos”, disse o Liran.
Os irmãos dele, os gêmeos Gali e Ziv, foram sequestrados naquele 7 de outubro de 2023. Liran pediu a volta das negociações:
“Teremos todo o tempo do mundo para acabar com o Hamas depois que os reféns voltarem para casa”.
Israel pediu que os palestinos de toda essa área em vermelho saiam de casa. Muitos tinham voltado pouquíssimo tempo atrás, durante o cessar-fogo.
“Achávamos que a guerra tinha acabado, mas acordamos horrorizados, as crianças gritando. Não queremos voltar para o medo”.
Na Europa, em geral, o tom foi de preocupação com a retomada da violência. A União Europeia pediu que Israel encerre as operações militares e que o Hamas liberte todos os reféns imediatamente. Catar e Egito, os mediadores do cessar-fogo, condenaram os ataques e pediram a retomada das negociações.
Israel divulgou que o governo americano sabia dos ataques. Em uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, a embaixadora americana afirmou que a culpa pela retomada dos bombardeios é exclusivamente do Hamas e que o governo americano apoia Israel nos “próximos passos”.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, afirmou que a ONU não vai desistir de trabalhar pelo cessar-fogo, pela retomada da ajuda humanitária e pela libertação dos reféns.
Em nota, o governo brasileiro condenou os novos ataques israelenses. O Itamaraty pede que as partes cumpram o acordo de cessar-fogo e retomem as negociações com vistas à cessação permanente das hostilidades, à retirada das forças israelenses de Gaza, à libertação de todos os reféns e à entrada de ajuda humanitária.
Israel volta a bombardear a Faixa de Gaza
Reprodução/TV Globo
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