
Em depoimento, funcionário diz que notou um líquido oleoso quando seringa quebrou durante procedimento. Defesa diz que ele não trabalhava com a devida atenção e saiu insatisfeito com a empresa Funcionário de clínica de influenciadores diz que foi ameaçado com armas ao pedir demissão
Um funcionário da clínica de estética de Karine Gouveia e Paulo César Dias disse, em depoimento para a Polícia Civil, que Paulo o ameaçou com arma quando pediu demissão após perceber o uso de óleo de silicone durante um procedimento estético em um paciente. O casal está preso preventivamente por suspeita de deformar pacientes em clínica de estética em Goiânia.
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Ao g1, o advogado de defesa de Paulo, Tito Amaral, argumentou que o funcionário não trabalhava com a devida atenção e saiu insatisfeito com a empresa. A defesa disse também que Paulo reafirma que todos os procedimentos realizados na clínica de estética foram realizados dentro dos mais rigorosos protocolos. “Jamais foi utilizada qualquer substância proibida em qualquer cliente, muito menos óleo de silicone” (veja a nota completa ao final da matéria).
Funcionário de clínica de influenciadores diz que foi ameaçado com armas ao pedir demissão após notar uso de óleo silicone em paciente
Reprodução/TV Anhanguera
No depoimento, o funcionário relatou que, durante um procedimento de preenchimento labial, a seringa se rompeu e a agulha se desprendeu do êmbolo e o líquido espirrou. Segundo o depoimento, o funcionário percebeu que era um líquido oleoso, “característico do óleo de silicone”.
À Polícia Civil, o funcionário relatou que ficou preocupado com o risco de causar danos aos pacientes e resolveu não voltar à clínica. Ele pediu demissão, mas Paulo teria dito que o funcionário sairia sem receber nada.
Nesse momento, Paulo teria sacado uma arma da cintura e colocado na mesa, dizendo: “Você não vai ter coragem de acionar a Justiça trabalhista contra a gente, ne?”. Segundo o depoimento para a polícia, o funcionário relatou que assinou a demissão e não teve mais contato com Paulo, nem com a Karine.
Funcionário relata ameaça feita por Paulo após pedir demissão da clínica investigada
Reprodução/TV Anhanguera e Redes Sociais
Início do caso
A influenciadora e empresária Karine Gouveia e seu marido, Paulo Cesar Dias Gonçalves, donos de uma clínica de estética em Goiânia, foram presos em dezembro de 2024, em uma operação policial que investigava procedimentos estéticos e cirúrgicos que causaram danos físicos a pacientes. Segundo a Polícia Civil, além dos donos, mandados de prisão, busca e apreensão foram cumpridos em desfavor de técnicos que atuavam na clínica e que não tinham formação para realizar os procedimentos.
Na época, a defesa do casal afirmou, à TV Anhanguera, que a clínica possuía todos os documentos necessários para funcionar, que Karine e Paulo sempre praticaram os atos dentro do que determina a lei e que o local atende a todos os padrões exigidos pela Vigilância Sanitária. A polícia negou a fala da defesa e afirmou que a clínica possuía um alvará para procedimentos apenas de classe estética, ou seja, minimamente invasivos.
Além da incapacidade profissional dos envolvidos, a investigação aponta que os materiais e produtos usados nos procedimentos eram inadequados. Mandados também foram cumpridos em Anápolis, a 55 km da capital. Os envolvidos tiveram as contas bancárias, bens e valores bloqueados. No total, foram R$ 2,5 milhões apreendidos e um helicóptero avaliado em R$ 8 milhões.
Empresária Karine Gouveia e marido estão entre presos em operação policial
Soltos em fevereiro
Após decisão publicada no início de fevereiro pela ministra do Superior Tribunal de Justiça Daniela Teixeira, os dois foram soltos. Na desição, a ministra pontuou manter o casal preso era “desproporcional” e citou que outros investigados já foram soltos.
A sentença atendeu o pedido da defesa, que alegou que Karine e Paulo não poderiam mais atrapalhar as investigações e também são pais de uma criança de 7 anos, que inclusive sofreu um acidente grave de carro e precisou passar por cirurgia.
Karine Gouveia e Paulo César, casal investigado pela Polícia Civil, Goiás
Reprodução/Redes Sociais
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Prisão pela segunda vez
Karine Gouveia e o marido foram presos preventivamente nesta quarta-feira (12), segundo a Polícia Civil. Eles estavam soltos desde o início de fevereiro, após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O casal foi preso em razão das acusações de de formação de organização criminosa, falsificação de produtos terapêuticos, lesões corporais gravíssimas, exercício ilegal da medicina, estelionato e outros crimes relacionados à prática de procedimentos estéticos e cirúrgicos sem a devida qualificação técnica e autorização legal.
Uso de óleo de silicone
Vítimas de necrose após procedimentos e a dona da clínica, Karine Gouveia, em Goiânia, Goiás
Divulgação/Polícia Civil e Reprodução/Redes Sociais
O casal usava substâncias proibidas como óleo de silicone e o PMMA em procedimentos estéticos e cirúrgicos de alto risco, informou o delegado Daniel de Oliveira. A defesa de Karine Gouveia afirmou que a influenciadora nega o uso do óleo de silicone, como informado pelo delegado.
O advogado da Karine, Romero Ferraz, argumenta que a acusação deve provar o uso da substância, mas que a investigação ainda não foi concluída.A defesa afirmou que a influenciadora nega o uso do óleo de silicone, como informado pelo delegado.
“Não existe relatório final da autoridade policial. Não existe denúncia feita pelo Ministério Público. Ela tem o direito do devido processo legal justo. Se tem essa convicção, inclusive antecipando a culpa dela, que relate o inquérito e o MP ofereça denúncia. Ela exercerá o direito de defesa dela”, declarou.
Sobre a prisão preventiva, a defesa afirmou, em nota, que discorda absolutamente da decisão decretada pela prisão preventiva dela. Segundo a defesa, a decisão “se valeu de narrativas falsas e da repugnante criminalização da advocacia para tentar impedir o direito constitucional de defesa, evidenciando práticas de lawfare” (veja a nota completa ao final da matéria).
De acordo com o delegado, a ordem judicial que determinou a prisão preventiva do casal indicou a gravidade dos casos, envolvendo a realização de procedimentos estéticos e cirúrgicos de alto risco. “Os procedimentos eram efetuados de forma indevida e com o uso de substâncias proibidas como óleo de silicone e o PMMA, além da comercialização ilegal de medicamentos manipulados e substâncias proibidas pela Anvisa”, afirmou.
Segundo o dermatologista Bones Júnior à TV Anhanguera, o uso de óleo de silicone como preenchedor definitivo tem um risco muito grande, já que o corpo reconhece como um corpo estranho.
“Ele [o corpo humano] não reconhece essa substância. Então, gera um processo inflamatório muito grande, causando nódulos carócidos, infecções. E como não existe um antídoto para retirar esse produto, a gente tem que fazer cirurgias e dependendo do local e da quantidade, são cirurgias que podem gerar deformidades”,esclareceu o dermatologista.
Justiça mantém prisão
O casal teve a a prisão mantida pela Justiça após uma audiência de custódia nesta quinta-feira (13). A juíza Ana Cláudia Veloso Magalhães analisou o caso do casal e concluiu que há fundamentos que justificam a prisão deles e que não foram apresentadas provas suficientes para alterar a situação. Portanto, a prisão deles foi mantida.
No documento, Ana Cláudia citou que liberar os acusados poderia prejudicar a ordem pública, devido a gravidade dos crimes que eles supostamente cometeram. Além disso, há provas que comprovam que esses crimes realmente aconteceram e indicam que são eles os responsáveis. Por fim, a juíza vê um risco na liberdade deles, considerando que a gravidade das ações pode representar um perigo para a sociedade.
Nota de defesa de Karine
A defesa de Karine Gouveia destacou que discorda absolutamente da decisão que foi decretada a sua prisão preventiva, isso porque se valeu de narrativas Falsas e da repugnante criminalização da advocacia para tentar impedir o direito constitucional de defesa, evidenciando práticas de lawfare e tentando salvar uma investigação cheia de desvios do caminho legal.
Sobre a fala do Delegado de que utilizava óleo de silicone nos procedimentos, para além de absurda, Karine nega veemente. No entanto, quem tem que provar é a acusação. E isso é objeto da investigação que sequer foi concluída. Não existe relatório final da autoridade policial. Não existe denúncia feita pelo Ministério Público. Ela tem o direito do devido processo legal justo. Se ele tem essa convicção, inclusive antecipando a culpa dela, que relate o inquérito e o MP ofereça denúncia.
Ela exercerá o direito constitucional de defesa dela. Essa investigação subverteu a ordem constitucional, estão se investigando pessoas e não fatos, como a legislação prescreveu. A cada momento em que não se corrobora uma acusação, se busca uma nova linha acusatória para constranger pessoas. E esse excesso de acusação e atos em claro desvio do caminho legal é que está mantendo a investigação.
Nota de defesa de Paulo
O funcionário não trabalhava com a devida atenção e foi demitido. Saiu insatisfeito com a empresa.
Paulo César reafirma que todos os procedimentos realizados na Clínica de Estética Karine Gouveia foram realizados dentro dos mais rigorosos protocolos.
Jamais foi utilizada qualquer substância proibida em qualquer cliente, muito menos óleo de silicone.
Paulo César está confiante de que perante o Poder Judiciário a verdade virá à tona e esta investigação fantasiosa, cheia de irregularidades, será desmascarada.
A prisão é absolutamente ilegal, desnecessária e desproporcional, como já afirmou o Superior Tribunal de Justiça, e deverá ser revogada brevemente, restabelecendo a legalidade.
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