
Grupos de direitos humanos afirmam que o número de vítimas pode chegar a 30 mil. A ONU falou em invasões de casas sem mandados judiciais e que a maioria dos mortos era de jovens e moradores de áreas pobres. Tribunal Penal Internacional prende ex-presidente das Filipinas por crimes contra a humanidade
Reprodução/TV Globo
O ex-presidente das Filipinas Rodrigo Duterte foi preso nesta terça-feira (11) por ordem do Tribunal Penal Internacional.
“Qual crime eu cometi?”, perguntou o ex-presidente filipino ao receber voz de prisão.
Rodrigo Duterte é acusado de promover milhares de assassinatos durante sua guerra às drogas. Ele foi detido no Aeroporto Internacional de Manila, capital das Filipinas, depois de chegar de Hong Kong. Nesta terça-feira (11) mesmo já seguiu para a Holanda. É lá que fica, na cidade de Haia, o Tribunal Penal Internacional, que na semana passada expediu um mandado de prisão contra Duterte por crimes contra a humanidade.
Os promotores acusam o político de extrema-direita de comandar um esquadrão da morte quando era prefeito de Davao, cidade no sul das Filipinas. E quando foi presidente, de 2016 a 2022, de ordenar execuções extrajudiciais, até com incentivos financeiros para policiais que matassem os suspeitos. Duterte sempre adotou discurso e prática agressivos. Posava com arma, fazia ameaças de morte publicamente.
Pelas contas do governo dele, a polícia matou mais de 6 mil suspeitos – em geral, traficantes e usuários. Segundo o ex-presidente, sempre em legítima defesa. Grupos de direitos humanos afirmam que o número de vítimas pode chegar a 30 mil e que a maioria era de jovens e moradores de áreas pobres.
Em 2019, Rodrigo Duterte retirou as Filipinas do Tribunal Penal Internacional para tentar evitar as investigações. Não conseguiu. Os promotores argumentaram que as acusações são do período em que o país ainda era signatário do Tribunal.
Nas ruas das Filipinas, nesta terça-feira (11) houve manifestações a favor e contra a prisão de Duterte. O atual presidente, Ferdinand Marcos Junior, disse que precisava cumprir os compromissos com a Interpol.
Ativistas de direitos humanos e parentes de vítimas falaram que essa terça-feira marcou um passo fundamental para responsabilizar Duterte pelos assassinatos de milhares de pessoas.
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