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Homem foi preso em Minas Gerais. Segundo as investigações, ele tinha preferência por atender meninas, trancava a porta da sala e demonstrava irritação ao atender meninos. Psicólogo é preso em MG por abusar de paciente autistas em Cariacica
A mãe de um menino autista disse que o filho mudou de comportamento após ser atendido pelo psicólogo suspeito de estuprar crianças durante sessões em Cariacica, na Grande Vitória. O homem foi preso nesta quarta-feira (26), na zona rural de Bom Jesus do Galho, em Minas Gerais.
“De cara, meu filho não ficou bem. E foi só piorando, piorando e piorando. Eu levava ele à terapia com o coração na mão. Ele chorava muito. Chegou uma época que eu não aguentava mais ver ele chorando”, relatou.
Ainda segundo a mãe, após uma das sessões, o menino estava com o joelho machucado e chegou a pedir à clínica a troca do terapeuta. O nome do suspeito não foi divulgado para preservar as vítimas, conforme prevê o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
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Câmera tapada durante sessões
Segundo as investigações da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) do Espírito Santo, os abusos ocorreram de forma reiterada entre meados de setembro de 2024 a janeiro de 2025.
Para cometer os crimes, o homem cobria as câmeras de segurança durante os abusos.
Em depoimento à polícia, o psicólogo disse que tampava as câmeras para “descansar ou usar o celular”. A polícia, no entanto, descartou essa versão, afirmando que em filmagens anteriores o profissional aparece usando o celular sem tampar as câmeras.
Ainda segundo a polícia, o homem também trancava a porta da sala de atendimento— prática proibida pela clínica —, e demonstrava preferência por atender meninas, além de irritação ao ter que atender meninos.
A delegada djunta da DPCA, Gabriella Zaché, detalhou que as primeiras denúncias foram registradas no dia 4 de fevereiro, quando uma mãe relatou que sua filha de 8 anos, autista de grau 1, teria sido abusada pelo psicólogo durante as sessões.
Adjunta da DPCA, delegada Gabriella Zaché, em coletiva nesta quinta-feira (27)
Divulgação/PC
A criança só conseguiu revelar o crime após o profissional ser demitido da clínica, no dia 28 de fevereiro. Segundo a delegada, a clínica informou que o psicólogo foi dispensado por reclamações de pais sobre sua falta de paciência ao atender meninos e por descumprir protocolos internos, como trancar a porta e tampar as câmeras.
“Foi verificado que, em diversos atendimentos, ele cobria a câmera com um papel por alguns minutos e depois a descobria. Inicialmente, as vítimas identificadas são meninas, em sua maioria crianças não verbais, o que dificulta a investigação”, explicou Gabriella Zaché.
A polícia informou também que analisa as gravações das sessões para identificar outras possíveis vítimas, no entanto, segundo a delegada, não é possível precisar quantas são, já que o profissional trabalhava no mesmo local desde 2023 e muitos atendimentos não possuem imagens.
Psicólogo fugiu ao suspeitar que havia sido denunciado
Segundo a delegada, mesmo após a demissão da clínica, o psicólogo teria levado uma menina de oito anos, irmã de um dos pacientes, de dois anos, para tomar sorvete. A criança, inclusive, chegou a participar de algumas sessões do irmão, mesmo que não fosse paciente.
Com o avanço das investigações, um mandado de prisão foi expedido contra o psicólogo. Desconfiando que havia sido denunciado, ele foi para a casa de uma irmã, na zona rural de Bom Jesus do Galho, em Minas Gerais, onde foi preso com apoio da Polícia Civil mineira.
Após desconfiar que havia sido denunciado, psicólogo foi para casa de uma irmã em Minas Gerais, onde foi preso
Divulgação/PC
O que diz o Conselho de Psicologia?
O Conselho Regional de Psicologia do Espírito Santo (CRP-ES) afirmou, em nota, ter sido informado sobre as investigações da Polícia Civil nesta semana. O CRP-ES está tomando as providências necessárias e dará a devida prioridade ao caso.
O g1 não conseguiu contato com a defesa do psicólogo preso.
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