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Rafael Bittencourt uniu duas paixões: a música e a tecnologia, como forma de homenagear à Bahia. Baiano une paixões pela música e IA para criar banda virtual de axé e homenagear a Bahia
“Nossa batida é a mistura futurista de pagodão, axé, samba rock, afro reggae e arrocha, criada com auxílio da IA”. É assim que se define a “Swing Neural”, banda criada pelo auditor federal e cientista da computação Rafael Bittencourt, de 35 anos.
Totalmente virtual, o grupo, que conta com dois vocalistas, estreou nas redes sociais em janeiro de 2025 e em pouco mais de um mês acumula quase 170 mil curtidas no Tik Tok.
Em conversa com o g1, o soteropolitano, que é apaixonado por música baiana e torcedor do Esporte Clube Vitória, contou que o projeto não tem a intenção de substituir artistas humanos. Ele enxerga a tecnologia como uma ferramenta para impulsionar a criatividade e democratizar o acesso à produção musical.
“A ideia da ‘Swing Neural’ nunca foi comercial ou para competir com músicos de verdade. Amo música, mas não sou músico. O que queria era experimentar as possibilidades da IA na criação artística e levantar essa discussão”, explicou.
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O uso da inteligência artificial na criação musical dividiu opiniões dos seguidores que descobriram a banda. Enquanto alguns veem a tecnologia como uma ameaça, o criador do grupo criado através de IA enxerga um potencial de expansão criativa.
“A IA pode ser uma aliada incrível no processo criativo. Um compositor pode testar diferentes melodias rapidamente, experimentar novas combinações e até economizar tempo e dinheiro no estúdio”, argumenta.
Swing Neural foi criada com auxílio de IA
Reprodução/Redes Sociais
O nome da banda é uma homenagem a musicalidade baiana e a Inteligência Artificial Gerativa, que utiliza redes neurais, softwares sofisticados que imitam o cérebro humano na resolução de problemas complexos.
A proposta do projeto é explorar como essas ferramentas podem ser usadas na música, desde a composição, até a produção de videoclipes que têm os circuitos de carnaval Dodô (Barra-Ondina) e Batatinha (Pelourinho) como cenários.
“As letras são minhas. Tenho as ideias, escrevo trechos e vou refinando com IA para melhorar a métrica, a rima e a fluidez. Depois, uso outra IA para criar a melodia e a base instrumental. É um processo criativo que exige múltiplas interações”, detalhou.
Os videoclipes publicados nas redes sociais também são 100% gerados por inteligência artificial. O cientista usa ferramentas avançadas para criar imagens e animações, sempre deixando claro que tudo é sintético.
“Nunca quis que o projeto parecesse humano. Desde o nome até a identidade visual, tudo deixa claro que se trata de um experimento com IA”, reforçou.
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Falta de sotaque gera críticas
Internautas criticam a falta de sotaque baiano em banda virtual de axé
Reprodução/Redes Sociais
Nos comentários das publicações da banda, alguns internautas criticaram o sotaque dos vocais gerados pelo software. Alguns apontaram que a maneira de cantar faz referências ao sudeste na faixa ”Chama da Bahia”.
Rafael Bittencourt explicou que há um limitação técnica porque a ferramenta gera os exemplos baseados nos padrões existentes na inteligência. Segundo ele, seria mais fácil criar uma banda pop, já que para este seguimento há um banco de dados mais vasto.
Falta de sotaque gera críticas na internet para a banda virtual de axé Swing Neural
No entanto, o baiano ressaltou que o projeto não é comercial e tem apenas o objetivo de homenagear a cultura do estado que ele nasceu.
“Há um limitação técnica, preciso gerar vários exemplos e testar diferentes combinações para conseguir esse resultado”, explicou.
Swing Neural no carnaval de Salvador
Vídeo simulou apresentação da banda no circuito Dodô
Reprodução/Redes Sociais
Perguntado sobre qual cantor da vida real sonha em ouvir cantar as composições da Swing Neural, o especialista em IA disse sem hesitar: Saulo Fernandes.
“É um dos artistas que mais enaltecem a Bahia nas letras. Seria um sonho ouvir uma música minha na voz dele”, confessa.
Outra vocalista que Rafael imagina cantando as músicas da banda é Gilmelândia.
“Acho que ficaria incrível, mas entendo que ainda há resistência de alguns artistas em cantar algo que tenha sido criado com auxílio da IA, mesmo que a composição seja minha”.
O criador vê que há espaço para tecnologia e arte andem de mãos dadas para potencializar a produção musical baiana.
“O carnaval da Bahia é essa mistura de ritmos, né? Então por que não levar essa mistura também para a vida?”, finalizou com o questionamento.
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