8/1: ministro da Defesa não diz se houve tentativa de golpe

Ministro da Defesa, José Múcio.Reprodução TV Cultura

O ministro da Defesa, José Múcio, não respondeu se a invasão da sede dos poderes, no dia 8/1, em Brasília, configura ou não uma tentativa de golpe.

Em entrevista ao Roda Viva, da TV Cultura, Múcio foi questionado pela apresentadora Vera Magalhães, considerando a posição dele no governo, tendo que responder ao presidente da República – cujos aliados tratam o caso como tentativa de golpe – e também atuando como chefe das Forças Armadas, o que o deixa, segundo Vera, numa condição de “fio da navalha”.

A jornalista pediu uma posição mais “precisa” do ministro sobre o 8/1. Segundo ela, minutos antes o ministro havia falado em golpismo e recuado.

Múcio disse que aguarda o resultado das investigações.

Manifestantes protestam contra vitória de Lula nas eleições de 2022 e criticam as urnas eletrônicasReprodução/redes sociais

“Tem dois relatórios (sobre o 8/1) para serem apresentados. Um agora em fevereiro, e o outro que vão ser os depoimentos (de) 25 (…) presos. Não sei quando é que o ministro do Supremo (STF) vai apresentar isso, se foi golpe ou se não foi. Setores de militares da reserva, algumas pessoas participaram disso aí (do 8/1). É o que os jornais contam, tem militares presos. Ninguém está reclamando, só querendo apenas que saia o julgamento. Eu disse que não havia militares, não havia militares naquele dia, não havia militares. Eu até brinquei no início, disse (que) talvez alguns militares que participaram daquilo no dia não foram, alguns interessados talvez tenham viajado.

Vera Magalhães: Mas o alto comando do Exército não deixou ninguém ser preso na noite do dia 8/1?

Ministro: Foi todo mundo preso, eu estava lá (…) Cada um constrói sua história. Tinha gente ali que estava passeando, dando adeus, tirando foto com o celular. Eu estava lá com o Ministro Rui Costa e estava lá com o Ministro Flávio Dino. Ali tinha gente toda, tinha os inocentes, tinha os baderneiros, tinha os baderneiros profissionais que foram só para quebrar. Mas quebrar derrubava (sic) o governo? Havia algum movimento?

Ministro da Defesa participou do programa Roda Viva nesta segunda-feira (10)Reprodução TV Cultura

Neste momento, o ministro imaginou existirem dois cenários possíveis. Mas, de novo, sem definir uma posição.

“Se você disser (que) aquele movimento veio na frente e os militares vieram atrás, eu estou calado. Agora, se você diz (que) “não foi golpe”, eu acho que houve uma montagem. Mas as figuras que organizaram, que idealizaram, no dia não apareceram. Vão aparecer na abertura dos relatórios, aí, sim, você pode dizer se houve alguma armação.

Monica Gugliano: Mas no alto comando tinham pelo menos três generais a favor desse golpe?

Ministro: Não se pronunciaram publicamente, não. Nós vamos saber isso após os relatórios, mas estavam lá quietos, quietos. Sou capaz de conhecer um ou dois, mas estavam quietos. Nós vamos saber depois dessa delação dos 25, quando eles contarem verdadeiramente o que houve. O cenário que aconteceu no dia 8 foi esse porque eu estava lá.

Apesar de não ser taxativo, Múcio disse que ficou um “clima péssimo” entre governo e Forças Armadas após os fatos de janeiro de 2023. De um lado, segundo ele, o grupo que afirma ter sido a armação de um golpe, e de outro, os que ficaram com “raiva” porque não deram o golpe.

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